Sustentabilidade: Cafezais de Rondônia sequestram 2,3 vezes mais carbono do que emitem

Foto: Gilberto Marques

Estudo inédito realizado pela Embrapa Territorial na região das Matas de Rondônia revela que a cafeicultura familiar neste território da Amazônia sequestra, em média, 2,3 vezes mais carbono por ano do que emite ao longo do processo agrícola.

A pesquisa é centrada nas plantações de café robusta amazônico – uma variedade local do canéfora (coffea canephora).

Em números, os dados demonstram que o balanço anual de carbono da região registra um saldo favorável de 3.883,3 kg, cerca de 4 toneladas por hectare. Dessa forma, a média vem da diferença entre o carbono estocado na biomassa das plantas (6.874,8 kg) e a emissão de gases de efeito estufa (GEE) durante a fase de produção do café (2.991,5 kg).

De acordo com os pesquisadores envolvidos, esse tipo de balanço é inédito e pode servir de referência para outros estudos do gênero e, até mesmo, para abertura de linhas de créditos de carbono.

Ainda mais, a iniciativa resultou também na criação de uma planilha de cálculos da emissão de carbono para uso dos agricultores locais. A intenção é mostrar o status atual de emissão do cafeicultor do estado, considerando critérios como irrigação, uso de fertilizantes, entre outros.

“O estudo comprova a sustentabilidade da cafeicultura praticada no bioma Amazônia. Para nós, é importantíssimo mostrar ao mundo, por meio da ciência, que a produção de café na Amazônia é sustentável”, comemora o presidente da Cafeicultores Associados da Região das Matas de Rondônia (Caferon), Juan Travian.

Monetização do carbono

O presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credip, Oberdan Pandolfi Ermita, ressalta que a monetização do carbono é um mercado novo que vem estimulando uma corrida de metodologias para calcular esse balanço.

“São dados muito relevantes. Nosso objetivo é que seja trabalhada a monetização desse carbono, de modo a beneficiar o cafeicultor das Matas de Rondônia diretamente, ou por meio da redução da taxa de juros”, diz.

Sequestro de carbono pelas plantas

O pesquisador da Embrapa Territorial Carlos Cesar Ronquim, líder do estudo, acredita que o cafeeiro pode atuar como uma ferramenta de remoção de carbono. Por ser uma planta lenhosa, ela possui capacidade de armazenar grandes quantidades de carbono por mais tempo.

No entanto, ele ressalta que o carbono sequestrado temporariamente na biomassa da planta do café retorna à atmosfera quando se renova ou se desativa a lavoura.

Fonte: Canal Rural