O dia das mães é uma das datas mais esperadas do ano, tanto para as famílias, quanto principalmente para o comércio. Isso porque a homenagem movimenta muito as vendas, estimuladas por um enorme apelo emocional do mercado.
Mas nem sempre foi assim. A idealizadora da data, a norte-americana Anna Jarvis (1864-1948), lutou bravamente para implementar a homenagem como um sinal de amor e respeito às mulheres que são mães, sobretudo como celebração à vida de sua própria mãe, Ann Reeves Jarvis (1832-1905).
Assim, quando se deu conta de que a data tomou outras proporções, se tornando uma enorme fonte lucrativa para comerciantes, Anna Jarvis se arrependeu e lutou incansavelmente para “proibir” o dia das mães.
A história de Anna Jarvis e sua mãe Ann Reeves Jarvis
Ann Reeves Jarvis foi uma ativista social que se dedicou ao trabalho com mulheres mães e o combate à mortalidade infantil. Ela nasceu em 1832 nos EUA e teve 13 filhos, sendo que 9 faleceram ainda crianças. Essa era uma realidade bastante comum na época.
Assim, motivada pelo desejo de contribuir para transformar esse cenário, Ann participa em meados do século XIX de grupos de mulheres em sua comunidade em Grafton. O intuito desses encontros era de ensinar condições básicas de higiene e saúde às mães, bem como oferecer auxílio médico às famílias.
Depois da Guerra de Secessão no país, Ann também ajudou a criar um “Dia das mães pela amizade”, um evento destinado a promover a união de mães de ambos os lados do conflito.
Ann faleceu em 1905 com o desejo de formalizar uma data para enaltecer todas as mães da sociedade. Uma de suas filhas, Anna Jarvis, se incumbiu de lutar para que o sonho de Ann foi concretizado.
Anna tinha ainda uma motivação pessoal, prestar homenagem à sua própria mãe. É por isso que o dia escolhido foi o segundo domingo de maio, data que se aproxima do aniversário de morte de Ann, ocorrida em 9 de maio.
Em 1908 ocorria o primeiro “Dia da Mãe” na igreja da comunidade de Gafton. Na ocasião, Anna entregou cravos brancos aos que compareceram, pois era a flor preferida de sua mãe.
O verdadeiro intuito do dia das mães e sua oficialização
A ideia é que fosse uma data especial para os filhos visitarem suas progenitoras, prestando homenagens e passando tempo de qualidade com quem lhes deu a vida. Assim, o lema era “para a melhor mãe que já existiu: a sua mãe”.
Anna não mediu esforços para que a data fosse implementada no calendário oficial. Ela conversou com pessoas influentes e explicou suas motivações. Foi então que em 1910 o estado da Virgínia instituiu o dia como feriado estadual. Em 1914 já era feriado no país inteiro.
O dia das mães transformado em data comercial e o arrependimento de Anna Jarvis
Para o desgosto de Anna, a data que ela lutou tanto para disseminar tomava cada vez mais outro propósito. A venda de flores e presentes disparou e a data se tornou comercial.
Os comerciantes viram a homenagem como uma oportunidade para aumentar enormemente seus lucros, o que desagradou Anna.
Ela passou então a condenar a data, manifestando-se contra a comercialização do dia, escrevendo cartas e orientando as pessoas a não mais comprarem flores ou cartões, pois defendia que o momento fosse vivido de forma autêntica e significativa.
Ela usou parte de suas finanças na luta pelo boicote à deturpação da data e mesmo na velhice organizou abaixo-assinados contra o feriado.
Anna nunca se casou nem teve filhos, faleceu na Pensilvânia em 1948 aos 84 anos de problemas no coração.
Fonte: Laura Aidar, formada em Comunicação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.
Retrato de Anna Jarvis. Domínio público